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livro pule, kim joo so

em um dos meus episódios preferidos de Doctor Who, o doutor de Matt Smith vira para um Amy criança e diz ‘somos todos histórias, no fim das contas. só faça dela uma boa, eh?‘. o doutor sempre foi um amigo que eu nunca tive, mas sempre quis, e essa frase me seguia de tempos em tempos. o quanto eu tô fazendo da minha história, uma história boa? acho que vocês já sabem a resposta pra isso.

no domingo à noite, eu comecei a ler Pule, Kim Joo So, o livro da fofíssima Gaby Brandalise, que eu conheci pelo Twitter e que também é uma aficionada por kpop, doramas e outras coisas relacionadas à Coreia do Sul. tanto, que o livro dela é uma mistura desses dois mundos: um encontro entre o Brasil e esse país tão cheio de tradições, músicas viciantes e coreografias que a gente leva uns 40 anos pra aprender.

terminei o livro hoje de manhã, confesso, meio emocionada. primeiro porque a história me lembrou muito W (e vocês sabem o quanto eu amo esse drama, né?). segundo, porque ele representou 100% de frase do doutor que eu lembrei ali em cima. mais ainda porque o So, assim como foi pra Gaby, foi pra mim também uma representação de um processo libertador.

pode ser que Pule, Kim Joo So pareça com um livro de ficção. de romance. um roteiro de dorama muito bem escrito com algumas das descrições mais incríveis que eu já li. inclusive, me senti tão perto da Gaby porque era como se as palavras delas tivessem sido escritas por mim. a cremosidade (vou adotar pra vida, Gaby!) que ela tem pra escrever, eu sinto que tenho também e, enquanto lia as suas linhas pensadas com tanto carinho, eu senti que entendia um pouquinho mais dessa pessoa que eu só conheço pela internet.

voltando ao So… a história dele pode mesmo parecer uma história de amor. não deixa de ser. mas não necessariamente um amor romântico, mas por si mesmo. acho que uma das coisas mais libertadoras é você descobrir que é o dono da própria história. e, mais ainda, que as prisões que a gente acha que vive são todas mentais – caixinhas que a gente mesma criou e fica se debatendo tentando sair, colecionando hematomas e arranhões no meio do caminho e chamando isso de ‘vida’.

a gente joga a responsabilidade pelas nossas escolhas nos outros. acha que é obrigado a carregar o luto alheio. acaba fazendo coisas só porque os outros dizem que a gente tem que fazer. caixinha dentro de uma caixinha dentro de uma caixinha. é a vida do Joseph Cimbler, mas sem a pegada humorística.

e assim a gente fica pequena. dizendo coisas que não gosta. fazendo coisas que (acha que) não quer. o dia inteiro com aquela pulguinha recitando palavras de conflito na nossa cabeça. é, a prisão mental que a gente cria é bem cruel.

livro pule, kim joo so

o que é real e o que ficção? em que momento a gente passou a acreditar de verdade, igual o Joo So, que precisamos viver uma história pré-estabelecida, pré-determinada, com um final definido e todos os coadjuvantes já escolhidos? quando é que viramos cada um protagonista de uma história que a gente nem sempre ama, cheias de altos e baixos, de conflitos e brigas. quando foi que a gente trocou o amor por isso? e quantas vezes ficou sonhando com o dia em que fugiria disso tudo?

um livro é só um livro até a gente entender que ele tem muito do autor em cada parágrafo. e se a gente se identifica com a história, não é com ela que a gente tá identificada, mas com quem escreveu. e, se eu me vi no So, é porque me vi na Gaby. e se me vi na Gaby é porque ela existe tanto quanto eu, quer ela tenha uma história diferente da minha ou não.

histórias… são ferramentas. elas nos dão um caminho. nos fazem entrar em contato com coisas que a gente talvez não conheça. com um quentinho no coração que nos lembra de casa. o So me lembrou de casa. me lembrou do meu caminho, das minhas escolhas e de como é tranquilo a gente ser relembrada que a escolha tá bem aqui na nossa mão. só esperando pra ser reconhecida. uma coceirinha quentinha que a gente ignora, distraída com os barulhos e as luzes coloridas do mundo.

mas uma hora a gente lembra. e não é difícil, sabe? não é entre tapas e beijos. não é atirando bombas de culpa por todos os lados. não. é com uma conversa íntima observando a paisagem da cidade pela janela. e pronto. a gente vê. que a prisão foi a gente que criou. e, se criou, pode sair de lá quando quiser também.

acho que deu pra perceber que eu gostei muito do livro da Gaby, né? foi a primeira vez em muito tempo que eu li um livro tão rápido e eu só posso agradecer pelas palavras cheias de delicadeza e os parágrafos repletos de significados. se você quiser ler também, pode clicar aqui pra comprar, tá bom?

você já leu pule, kim joo so? me conta o que achou!

 

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Escrito pelaMaki
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4 Comentários
  1. Clara Rocha  em dezembro 09, 2017

    GENTE, quero ler esse livro MAKI! e juro quero ler só porque tem duas coisas que eu adoro : você indicando e a coreia! E pelo que você escreveu, lembra w mesmo. SOCORRO!!!!

    • Maki  em dezembro 11, 2017

      Clarinha, você vai amar, sério! lê logo pra gente comentar sobre ♥

  2. Wanila goularte  em dezembro 06, 2017

    Confesso que não entendo nada da cultura coreana, mas que essa sua resenha me fez ficar com muita vontade de ler esse livro também! vai entrar pra minha tentativa de um livro por semana do ano que vem <3

    • Maki  em dezembro 09, 2017

      olha, o livro vale a pena viu? se não pela temática, pela escrita deliciosa! e é bem rapidinho de ler, vai numa tacada só!