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anna e o beijo francês

se você me perguntar, eu não vou saber dizer quando foi que Anna e o Beijo Francês apareceu na minha vida a primeira vez. teve uma época, há alguns anos, que eu criei um hábito de passar horas andando pelas livrarias da Av. Paulista (a Livraria Cultura do Conjunto Nacional sempre foi uma preferida) e levar de volta para casa um livro novo.

tudo o que lembro é que li esse livro da Stephanie Perkins em menos de três dias, porque ele conquistou o meu coração completamente. acho que ninguém nunca entendeu exatamente porque Anna e o Beijo Francês foi tão marcante para mim – afinal, é um livro young adult água com açúcar, um romance que deixa o coração quentinho e nada mais -, mas na fase em que eu estava, ele conversou muito comigo.

eu me vi na Anna muitas vezes. a menina que não sabia muito como fazer amizades, que se apaixona pelo cara com um sotaque bonitinho e nutre um amor platônico que só acontece na cabeça dela por muito mais tempo do que deveria ser permitido por lei. eu achava, como ela, que era injustiçada e vítima de coisas que eu mesma causei. eu chorava muito e guardava ressentimentos e fazia coisas que não queria tanto assim pra provar um ponto.

enfim, Anna e eu éramos muito parecidas.

ela também tinha uma necessidade de pertencimento que eu sempre busquei. chegando em Paris, ela se sentiu perdida, meio sem saber o que fazer e querendo voltar pra casa. eu sempre tive esse desejo de voltar pra casa também (mesmo sem saber o que ‘casa‘ significava) e queria só me sentir aceita pelas pessoas ao meu redor. era uma necessidade de saber que tá tudo bem, sabe?

anna e o beijo francês

quando eu morei na França, passei um fim de semana em Paris com duas amigas e tinha uma única condição: eu precisava ir até Catedral de Notre-Dame tirar uma foto no Point Zéro, o local de onde saem todas as principais estradas da França, e fazer um pedido como o da Anna: ‘que se dane. deixe os fatos decidirem. eu desejo o que é melhor para mim‘. direto ao ponto. ainda bem, meu desejo se realizou e hoje eu vivo aprendendo todos os dias a escolher o que é melhor para mim – porque também é o melhor para todos.

naquele momento, em cima daquela estrela no meio da calçada do pátio da catedral, cercada de turistas que tentavam entender o que eu estava fazendo (e, obviamente, fizeram a mesma coisa depois de mim), eu me senti conectada com essa personagem e a sua realidade, que apesar de já estar bem longe da minha (eu já não era mais aluna colegial quando li esse livro a primeira vez), representava tudo o que eu sentia.

eu me senti feliz, sabe? de poder colocar os pézinhos na estrela e fazer o meu pedido de buscar o que é melhor pra mim pro universo. verdade seja dita, assim como a Anna, eu estava cansada de pensar no que eu queria e não queria e de tentar descobrir sozinha qual caminho eu deveria seguir. melhor deixar o universo decidir e esperar que eu esteja atenta o suficiente pra ver o sinal néon que ele coloca na minha frente toda vez que eu erro a rota.

anna e o beijo francês

eu e minhas botinhas surradas no Point Zéro, em 2014

hoje eu sei que não foi o universo que decidiu coisa alguma, mas eu que escolhi melhorar. já comentei que tava no meio do meu processo depressivo quando fiz essa viagem e que lembro de boa parte dela com o coração pesado – a dor que eu sentia era tamanha que passar um mês inteiro só na minha casa em Nice, mal saindo para as aulas, parecia totalmente aceitável.

mas, naquele momento, quando eu lembrei da Anna de pé ali, no seu primeiro passeio pela Cidade Luz, e o St. Clair dando às boas vindas pra ela em Paris, eu me senti confortada e esperançosa. talvez as coisas não estejam bem mesmo, mas, pelo menos, a Anna me ensinou que quando a gente se abre pra entender os outros, a gente percebe coisas que nunca viu antes e isso deixa a gente em paz. foi o que aconteceu com ela e comigo também.

ainda hoje eu reservo um tempo no ano pra reler esse livro – e toda vez é uma leitura diferente. cada novo virar de página eu descubro um detalhe da escrita da Stephanie que torna a história tão envolvente. cada vez que eu vejo a Anna se abrindo pra essa experiência de viver num país novo, eu me lembro dos desafios que eu mesma enfrentei e como mudei de lá para cá. não tem nada a ver com amadurecimento e tudo a ver com abertura: pra olhar pra fora da minha cabeça e entender que o mundo não gira a minha volta e que as pessoas precisam de mim tanto quanto eu preciso delas. e nisso a gente se ajuda e se fortalece, sabe?

e, nisso, a gente entende de verdade o que significa soltar um ‘eu desejo o que é melhor pra mim‘ pro universo. por que ele tá ouvindo, viu? e se o pedido for sincero, a resposta vem.

anna e o beijo francês

se você quiser dividir um pouquinho desse amor pela Anna (e por Paris!) comigo, pode comprar Anna e o Beijo Francês clicando aqui.

este post faz parte do projeto detalhes, uma blogagem criativa criada por desancorando + sernaiotto +serendipity  saiba mais sobre o projeto clicando aqui e confira os posts já publicados aqui.

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Escrito pelaMaki
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3 Comentários
  1. VANESSA FERREIRA  em novembro 21, 2017

    Que blog é esse, minha gente!!!??? Tô apaixonada por tudo… voltarei aqui pra navegar por cada cantinho! Estou no trabalho e agora não posso ficar mexericando tudo… eheheh mas voltarei e já amei! Amei a sua descrição “sobre”… tudo muito lindo! bjks

  2. Carol Mancini  em novembro 20, 2017

    Eu acho bem difícil desejar o que é melhor para mim porque sou praticante ativa da auto sabotagem. E é incrível como livros (e músicas e filmes) podem nos ajudar a nos conhecermos e melhorarmos, buscarmos escolhas mais assertivas para a vida e, assim, diminuir esse ciclo de sabotagem. Eu ainda não li esse livro, mas vou procurar. 🙂

    • Maki  em novembro 21, 2017

      procura, Carol, você vai gostar ♥