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no final de agosto, quando eu, a Karine, a Clarinha e a Gabi (o Chá de Flor tá crescendo!) decidimos ler Três Coroas Negras, da Kendare Blake, eu não sabia o que esperar. vi muita gente comentando sobre esse livro nas redes sociais, e blogueiras que eu acompanho falaram sobre ele também.

tinha muito tempo que eu não lia um livro de ficção, que dirá YA, e não imaginava que ele poderia ser do jeito que é. passado o choque com aquele final (sério, gente, o que fazer com aquele final?), eu fiquei em dúvida se curti ou não a leitura. confesso que achei o começo um pouco arrastado e confuso (são muitos personagens de uma vez só) e algumas partes da trama bem fracas, com um ar um pouco forçado. curiosamente, o livro me fez pensar sobre muitas coisas que não a própria história.

é assim: Três Coroas Negras se passa em um mundo fictício onde trigêmeas nascem de tempos em tempos para disputar a coroa do reino. uma das irmãs é naturalista (ela lida com a natureza, plantações, animais, etc), outra é elemental (ela controla os quatro elementos, o ar, o fogo, a terra e a água) e uma envenenadora (ela é imune a venenos e sabe manipulá-los muito bem). as três são criadas separadamente e quando alcançam os 16 anos, elas precisam matar umas às outras pelo trono. uma das irmãs deve matar as outras duas para se tornar rainha. pesado, eu sei.

eu enrolei muito para ler o livro porque percebi que a minha tolerância para violência está muito baixa. quando a gente começa a entrar em contato com a vida, com o amor, fica mais difícil aceitar de boa que as pessoas se odeiam. que elas guerreiam. dá pra entender o que acontece e o que se passa na cabeça de pessoas que estão tão próximas disso, mas eu percebi que a vida que eu levo hoje é tão distante dessa realidade que eu não aguento contato com essas ideias por muito tempo. a raiva, a vingança, o medo… são sensações que eu não sinto mais com frequência (e, quando sinto, não dura muito tempo) e a minha meta é chegar num ponto em que elas simplesmente não tenham espaço nenhum no meu dia a dia.

por isso, a pergunta que ficou na minha cabeça enquanto lia esse livro é: onde está o amor nessa história? ele simplesmente não está lá. o livro conta com algumas passagens românticas, mas acho que dificilmente o que acontece ali tem qualquer coisa a ver com o amor. acho que a Arsinoe é a personagem que mais se aproxima disso – ela é irredutível no que acredita e no quer proteger.

mas tudo o que acontece nesse livro tem a ver com vingança. tudo. as meninas se odeiam porque elas sabem que essa é a única forma de sobreviver. elas sofrem a vida inteira tentando desenvolver as suas dádivas. elas são isoladas do resto do mundo, elas são ‘obrigadas‘ a passar por rituais maldosos e elas precisam encontrar uma maneira de provar que são melhores umas que as outras. não existe meio termo. a cada página elas alimentam uma raiva que se torna o principal motivador para quererem a coroa.

sabe, a situação das três irmãs parece muito distante da gente, mas a gente encontra um motivo para alimentar a raiva todos os dias. e a gente nem percebe, porque parece natural. parece comum você sentir um nervosinho no trânsito, ficar irritado porque aquele e-mail não chegou, bufar porque o metrô parou entre uma estação ou outra.

a gente dá uma migalha por dia pra essas coisas, achando que não tem consequência nenhuma na nossa vida. mas tem. assim como teve pra Arsinoe. assim como teve pra Kat também. e aí parece que o mundo tá contra a gente, quando o que acontece é apenas o resultado do nosso investimento. se você investe na raiva, o que vai aparecer de volta pra você? mais raiva, claro!

a conclusão que eu cheguei é que, querendo ou não, essas meninas vão precisar desistir dessa raiva toda em algum momento (pelo menos, é isso que eu espero que aconteça). se quiserem resolver a sua condição juntas, no mínimo, é isso que tem que acontecer. caso contrário, é impossível.

Três Coroas Negras é uma história bem interessante. não é a minha preferida, mas prendeu a minha atenção. precisei, porém, me colocar só como observadora, não me envolver tanto com o que acontecia entre uma página e outra, pra não me sentir mal depois de ler. fiquei tentada a procurar as continuações em inglês só para saber como tudo isso termina. mas acho que tem leituras mais gostosas para fazer. dá para comprar o livro na Amazon clicando aqui (e você me ajuda – lembra do post sobre os 12 reais? ♥).

você já leu Três Coroas Negras? o que achou?

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Escrito pelaMaki
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12 Comentários
  1. Divana  em setembro 14, 2017

    Oi Maki!
    Tem um tempo que não comento aqui (embora leia praticamente todos os seus textos <3).
    Você escreveu quando a gente começa a entrar em contato com a vida, com o amor, fica mais difícil aceitar de boa que as pessoas se odeiam". Eu fico muito feliz por não apenas eu ter esse tipo de percepção ultimamente.
    Muitas vezes me coloco como observadora e até mesmo moderadora em situações assim porque não consigo mais lidar com violência. O que era para ser considerado "normal" hoje é para mim um sentimento de agonia e desespero.
    Vamos continuar plantando amor.
    P.S.: acredito que não gostaria de ler esse livro, hahaha.
    Beijão!

    • Maki  em setembro 14, 2017

      oi, Divana! olha, eu não aceito que as pessoas se odeiam (e acho que não foi isso que eu escrevi também), mas eu entendo que elas sentem raiva e se expressam de uma forma violenta por causa disso. o meu papel, nesse contexto é esse: observar, não dar realidade, e continuar amando essas duas pessoas (e qualquer outra) independente do que elas sente e pensam, sabe? ♥

  2. Camila Faria  em agosto 04, 2017

    Oi Maki, eu não me interessei muito pela leitura (confesso), mas achei tão interessante isso que você falou sobre os pequenos aborrecimentos do dia a dia, que podem tornar nossa vida mais tóxica e negativa… Sempre bom ficar de olho nesses gatilhos para raiva, sem dúvida desnecessários. Um beijo!

    • Maki  em agosto 06, 2017

      nossa, sim! e a gente nem vê eles chegando sabe? a gente fica tão envolvida nos nossos ‘afazeres’, que não percebe o quanto se deixa dominar por essas raivinhas do dia a dia e fica alimentando isso dentro da gente. tem que ficar de olho mesmo e cuidar pra não entrar nessa!

  3. Stéfhanie  em agosto 04, 2017

    Vi bastante gente comentando sobre o livro, mas não me interessei muito.
    Mesmo assim achei bem interessante a reflexão que você fez e o fato de ler e observar somente de longe. Quando leio livros “pesados” acabo me envolvendo demais e fico um pouco mal, sabe? Então acabo pulando quando o assunto principal é pesado e de violência.

    Estou amando ver as dicas de leitura do chá com flor. ♥

    Um beijo,
    Sté

    • Maki  em agosto 06, 2017

      foi a melhor coisa que eu fiz. porque a gente se envolve e acha que isso é real, sabe? e não é! não tem porque a gente se ‘contaminar’ com essas sensações ruins. mesmo que não esteja no livro e sim no nosso dia a dia.

  4. KARINE  em agosto 04, 2017

    ai miga, também tô aqui super curiosa pra saber como essa história continua, porque aquele final valeu o livro inteiro! hahaha.

    • Maki  em agosto 06, 2017

      ahahahahah o final foi bem bombástico mesmo. eu ainda não tinha percebido que deixei só uma página pra ler no final. tava no ônibus e parei pra descer no ponto. quando peguei pra ler de novo: COMO ASSIM ACABOU?

  5. Bruna  em agosto 03, 2017

    Nossa! No momento em que você escreveu “pesado, né?” eu tinha acabado de levantar as sobrancelhas e pensado a mesma coisa. Pesado demais! E triste saber que a raiva leva pessoas a tantos extremos, por mais que seja apenas uma ficção, sabemos que muitas pessoas ficam cegas por milhares de motivos. Eu busco não alimentar sentimentos ruins, mesmo sendo difícil e esse tipo de coisa me deixa beeeem bad, mas fiquei curiosa sobre o livro, vou colocar na minha listinha de um dia/talvez, rs. Beijos 🙂

    • Maki  em agosto 06, 2017

      é, então. a gente alimenta isso sem nem perceber, sabe? e fica tudo muito pesado mesmo, não dá pra acompanhar. a gente precisa lembrar sempre que isso não é real e que esses sentimentos não fazem parte da gente ♥

  6. Clara Rocha  em agosto 03, 2017

    Também fico me sentindo meio esquista quando vejo muitas cenas de violência. Me trás um certo incomodo também. E eu também estou tentando decidir se eu gostei da história ou não…

    • Maki  em agosto 06, 2017

      pois é, eu fiquei bem incomodada. mas sei que é só uma história e que tá tudo bem.
      agora, ainda não tenho certeza se curti ou não. ahahaha