internet

algumas pessoas me marcaram e mandaram para mim um vídeo da Karol Pinheiro que me fez pensar muito (e foi até a inspiração para o título deste post). apesar de algumas ressalvas, eu curti o conteúdo porque tocou num ponto que eu sempre refleti bastante: será que dá pra gente ficar longe dessa sensação de que não vive uma vida incrível, como a gente vê o tempo inteiro no Instagram? parece impossível, né? e às vezes que me martirizei porque o feed do meu não era maravilhoso não me deixam mentir que eu já sofri desse mal também.

eu já senti FOMO, já chorei por ver fotos incríveis de amigas minhas lá na rede social e até já pensei em deletar tudo de tão mal que me sentia toda vez que abria o Instagram e começava a passear pelo meu feed. também já senti muita raiva vendo a (pseudo) vida desses ~influenciadores~, que viajam milhões de vezes por mês, ganham outros milhões de coisas e ainda estão sempre com cabelo e peles perfeitas. também já fui viciada a ponto de passar horas atualizando a página e perder muito mais tempo checando o perfil alheio do que me ocupando com a minha própria vida (confissão: tem vezes que eu ainda caio nessa cilada).

mas (e aí entra um grande MAS) eu terminei de ver o vídeo da Karol e percebi que, hey, eu não me sinto mais assim. e, nossa, que libertador foi perceber que hoje eu consigo abrir o meu feed e não me sentir mal comigo mesma. aliás, até parei para perceber que o meu próprio feed está do jeitinho que eu sempre sonhei que ele fosse. e não é que eu transcendi as redes ou que aprendi a conviver com esse flood de informação que fica martelando na nossa cabeça o dia inteiro. nada disso.

eu mudei de meta.

lembra quando eu falei sobre fazer um blog pros outros? então. o meu Instagram não é feito pra mim, mas pra quem me segue. cada foto que eu coloco ali é uma conexão minha com você que me acompanha. eu faço a foto com carinho, eu penso na legenda com amor e eu clico em publicar lembrando sempre que quem olhar aquela foto vai se relacionar comigo de alguma maneira. eu busco uma conexão. é claro que na hora de fazer uma foto eu penso na composição, penso na luz e nos elementos que estão ali. mas, principalmente, eu penso no que eu estou sentindo quando clico em ‘publicar’.

a minha meta com o Instagram não é postar a foto mais bonita do castelo da Disney ou o prato mais fotografável do restaurante. é me relacionar com você que me acompanha. eu quero passar uma sensação – e se o feedback que eu tenho recebido é qualquer prova, eu estou sendo muito bem-sucedida nessa meta.

vida perfeita do intagram

a partir daí, qualquer foto que eu vejo no Instagram me mostra uma tentativa de relacionamento. qualquer rede social é um recorte da nossa vida, é impossível a gente postar absolutamente tudo o tempo inteiro (se bem que gente que tenta, né?) e acho que isso nem é o objetivo. a verdade é que as redes sociais vieram para suprir uma necessidade das pessoas, e o que a gente faz com elas é que importa. a gente só passou a colocar na internet uma necessidade de ser aceita, de ser legal, de ser reconhecida de alguma forma.

daí, é óbvio que só colocar coisas bonitas na rede e tentar fazer um feed perfeito vira uma meta, né?

mas se a gente olhar para cada foto como uma tentativa de relacionamento… puxa, tem tanta coisa que a gente pode entender com isso! a gente pode olhar para um ‘feed perfeito‘ e perceber como aquela pessoa quer ser reconhecida pelo seu esforço. como ela acha que se encaixar num padrão é essencial pra felicidade dela. como, talvez, recriar o estilo de alguém grande nas redes pode ser o caminho pra ela conseguir esse reconhecimento. no fundo, o que ela tá buscando é amor.

eu já postei foto sem maquiagem (na verdade, a maioria das fotos que eu posto é de cara lavada ou só com um pouquinho de delineador e blush), já publiquei foto de um dia no outro, já planejei feed, já tirei milhões de fotos pra escolher a melhor pra postar. mas eu fiz tudo isso com um sorriso no rosto e o coração quentinho, porque o tempo inteiro pensei no que seria mais legal pra passar pra você a sensação que quero passar.

então, respondendo a pergunta do título, tem um jeito da gente fugir dessa farsa toda e dessa sensação horrível que a gente fica quando passa muito tempo olhando o Instagram ou qualquer rede social. a gente só precisa mudar de meta.

fácil, né?

é, na teoria é muito mais fácil do que na prática, e eu sei o trampo que foi para chegar até aqui. é um treino diário, que eu faço a cada minuto que me lembro, e um reforço constante do porque eu faço o que faço. postar todos os dias no Instagram pode ser difícil pra quem trabalha de casa e não muda muito de cenário, ou para quem tem uma carga de trampo tão pesada quanto a minha, mas eu sempre tento fazer o possível para criar um conteúdo que me deixe mais perto de você.

a saída, talvez, seja justamente buscar essa conexão. a gente acha que ‘ser real‘ é falar que tá mal em dia que tá mal, é falar que brigou com o namorado antes de publicar a foto fofinha da reconciliação, é mostrar que tem photoshop pra apagar a espinha naquela selfie mara que você fez. não é não. ser real é colocar na prática o que você é o tempo inteiro – é ser fiel ao seu coração, a quem comanda essa máquina maluca que a gente chama de corpo e que usa pra se expressar. a honestidade pode aparecer de muitos jeitos diferentes – um textão no Facebook, um tuíte fofinho ou uma foto com legenda super sincera no Insta -, mas ela vai sempre estar presente em tudo o que você faz se você para e pensa no que está sentindo na hora de apertar o ‘publicar’.

se você busca uma conexão, um relacionamento com quem te segue, tanto faz se a foto tem filtro ou não, se foi feita em Paris ou em São Paulo. a pessoa vai sentir o que você colocou ali na hora que o clique aparecer no feed. é cansativo esse esforço constante de parecer cool e super na moda, a gente não consegue sustentar essa vibe sem que ela tenha consequências (a gente se ataca tanto quanto mente…).

a resposta pra nossa felicidade não tá no número de likes que recebeu na última foto postada. nem no número de comentários e engajamento daquele post. tá no interesse que a gente tem no próximo e no quanto tá a fim de ser honesta e sincera 100% do tempo. tá no quanto a gente quer se abrir pra se relacionar com as pessoas, sabe?

parar de mentir não é só falar o que você pensa e sente o tempo inteiro, é desistir de contar mentiras sobre quem você é, seja com uma foto no Instagram ou com uma roupa tendência do momento que você jamais usaria em ocasiões normais.

cada foto pode ser um ato de carinho. cada tuíte, um jeito da gente ficar mais perto. e aí tanto faz se eu tô em São Paulo, no Rio de Janeiro, na Coreia ou no Japão. você vai junto comigo sempre. a realidade tá em parar de querer ser aquilo que você não é, e isso reflete em tudo – da foto que você faz na frete da Torre Eiffel até o clique arrumadinho do seu #bulletjournal.

o que você acha que precisa parar de fazer pra ser mais real nas redes?

 

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Escrito pelaMaki
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17 Comentários
  1. Ingrid  em abril 01, 2018

    Ei, que post lindo! Me deu vontade de ser sua amiga kkkkk, de tanto que você me ajudou!
    Eu procurei sobre esse assunto e achei aqui! Puxa, me ajudou demais! Sem palavras, obrigada.
    Abraços.

    • Maki  em abril 03, 2018

      como você é fofa, Ingrid ♥ brigada por esse comentário!

  2. Yasmin  em outubro 14, 2017

    Primeiramente, que blog lindo. Tão delicado!
    “Segundamente”, eu só tenho a concordar com o que você escreveu. Existe uma pressão tão grande hoje em dia para ter o blog mais bonito, o feed mais organizado quando na verdade nada disso importa. Uma vez li uma frase que me inspirou muito era algo mais ou menos assim: “Todo mundo pergunta se você já arrumou o emprego dos sonhos, o namorado, quantas viagens você já fez mas ninguém pergunta se você esta feliz.” E isso é tão verdade. Por isso devemos focar no que nos faz feliz e nada mais.

    • Maki  em outubro 15, 2017

      num é? parece que a gente tem que fazer tudo segundo uma checklist universal, mas ninguém tá interessado em saber se a gente tá feliz mesmo fazendo essas coisas. então, a gente pergunta, e usa as ferramentas que tem à disposição pra mostrar que tá tudo bem ♥

  3. Larissa  em setembro 22, 2017

    Bom, primeiro, parabéns pelo post. Eu nunca tinha pensado nas coisas desse ponto de vista. E descobri que concordo com você. EU gosto de manter um feed bonito, claro, quem não curte? Mas sabe… Eu parei de me neurar tanto com isso. Se eu tiro uma foto linda, que tem a ver comigo e com o que quero dividir, eu vou publicar. Simples assim. Eu gastava muito do meu dia vendo meu feed no Instagram, mas estou dando um tempo disso e da neura de postar todo dia também. Tem dia que não tenho o que psotar ou somente não quero postar nada. Aceito isso mais de boa agora.

    Vidas em Preto e Branco

    • Maki  em setembro 26, 2017

      é, não precisa ter neura não, sabe? dá pra fazer com carinho, que vai ficar ainda mais bonito ♥

  4. Stephanie  em agosto 29, 2017

    Eu já fui muito assim preocupada com meu feed, se a foto tão legal com as amigas estavam combinando ou não, porque eu não cresço, scorro porque minha vida não é perfeita e talz,
    então eu percebi mesmo assim do vídeo da Karol, que não tava me fazendo bem e mto menos me trazendo retorno e agora eu fujo disso postando o que me faz bem e quando eu to bem, passo 2 dias sem postar pq não quero me forçar a postar algo pra combinar sabe? e isso me fez crescer bem mais que antes (:
    eu amei mto esse post maki <3

    • Maki  em setembro 01, 2017

      Ste, eu super entendo! hoje eu tento postar todo os dias mais porque sei da importância que isso tem pra quem me segue sabe (e como eu quero construir uma sensação, é importante também). mas eu só posto o que me faz bem, o que eu gosto e me deixa com o coração bem quentinho mesmo. a questão é essa: focar no que a gente passar e em como isso faz a gente sentir!

  5. Camila  em agosto 19, 2017

    Me identifico… Com certeza, mas ainda tentando me sentir melhor..

  6. Karupin  em agosto 05, 2017

    Hoe, Maki! Tudo bom? 🙂

    Já li tantos textos sobre como acompanhar contas, atualizações e fotos alheias a sua realidade pode ser nocivo para a nossa auto-estima que, lendo o seu agora, me fez pensar que, embora possam refletir uma verdade, é uma verdade um pouco egocêntrica. E que eu fui egocêntrica por concordar com eles, ignorando realmente o contexto em que esses conteúdos foram postados por aquela pessoa do outro lado.

    Já fiz detox nas contas que me deixavam para baixo comigo mesma, mas estou quase batendo a mão na testa por não me tocar que, de fato, as pessoas não estão fazendo aqueles posts incríveis (apenas) para se exibir e fazer as pessoas se sentirem mal, mas para buscar aceitação, reconhecimento, amor por aqueles que as querem bem, como você bem falou. O problema é meu comigo mesma, não delas, e eu que tenho de resolver o que está não estou aceitando bem aqui dentro.

    Quanto ao que posto, nisso posso dizer que dei uma desencanada. Antes, me preocupava muito para que minhas fotos chegassem num nível de “conta de fulano”; contudo, depois que alguns camaradas de fotografia disseram que eu já tinha criado um “estilo próprio”, o coração ficou leve e hoje apenas me esforço para ficar satisfeita com o que faço.

    Vou me pegar pela orelha agora e refletir sobre o que você disse e ampliar um pouquinho além das redes sociais: observar e considerar mais os arredores de uma forma mais tranquila, sem comparar nem se cobrar. Eles têm as vidas deles, eu tenho a minha e está tudo bem. 🙂

    Beijos, flor~

    • Maki  em agosto 07, 2017

      meninnnaaaaaaa, o post valeu só pelo seu comentário! sério, fiquei arrepiada aqui! é isso mesmo: a gente esquece do contexto e fica olhando só próprio umbigo, achando que tudo é sobre a gente. as pessoas querem ser aceitas tanto quanto a gente, sabe? é que a gente esquece de olhar.
      nossa, brigada mesmo por esse presente ♥

  7. Marina  em agosto 05, 2017

    Eu dei um tempinho no Insta porque estou precisando mesmo. E do Twitter também. Tô numa fase meio bad e acho difícil não ficar me comparando. Entrava no Insta e via 500 fotos de amigos viajando e curtindo a vida numa boa, e eu me esforçando pra levantar da cama rs’ Desinstalei o app e estou de boas, volto quando estiver bem pra voltar.

    Concordo contigo quando fala que é uma tentativa de aproximação, de ser aceito! Acho que quando as pessoas começam a seguir essas tendências de feed harmônico, etc e tal (e eu mesma já quis fazer isso, porque vamos combinar, fica legalzinho demais) no fundo elas só querem “se misturar”. A gente vive uma eterna adolescência de querer pertencer né haha’ Adorei o post!

    • Maki  em agosto 07, 2017

      Mari, volta quando você estiver bem mesmo! não vale a pena ficar se comparando. a gente só acha que as pessoas estão bem postando essas fotos, mas não tem ideia do que elas estão sentindo de verdade. a gente tem que mudar o olhar mesmo!

  8. Claudia Hi  em agosto 03, 2017

    ” …no fundo, o que ela tá buscando é amor.” Nossa Maki acho que aqui você pegou muita gente, inclusive eu. Sempre vejo feeds lindos que me inspiram e, querendo ou não, acabo editando e até fotografando parecido com essas pessoas.

    Já parei de seguir muitos perfis porque eu sentia que não me acrescentavam em nada. Aliás, acrescentavam tristeza de querer ser igual e ter uma vida “perfeita” como a deles.

    Enfim, tô adorando esse comecinho de BEDA com um post tão profundo! ♥

    • Maki  em agosto 03, 2017

      ai, Claudia, eu entendo TANTO isso que você falou. também já deixei de seguir pessoas porque me sentia mal acompanhando a ‘vida’ delas online. mas hoje eu vejo que tá todo mundo atrás da mesma coisa, é uma escolha nossa olhar para isso de um jeito mais verdadeiro ou ainda se comparando com os outros, sabe?

  9. Clara Rocha  em agosto 02, 2017

    UM POST, cheio de verdades. Ser real é ser você mesmo nas redes sociais, é você dar aquele toque especial que é só seu nas fotos. Eu não saiu na rua quando estou triste chorando. Minhas amigas de trabalho e da vida pessoal dificilmente sabem quando estou triste, então porque vou postar uma foto chorando no instagram ? Eu concordo com tudo que você disse. E acho que se por ventura tem alguma pessoa que você segue que ao olhar a foto dela, você se deprime, vale a pena dar um unfollow por um tempo, só até saber lidar com isso e depois segue de volta.
    O problema é que nós não sabemos dar nomes aos sentimentos. Já parou para perceber isso ?
    Às vezes nos sentimos deprimidos olhando a vida “perfeita” * e entre muitas aspas mesmo, porque até as pessoas mais tops que sigo no insta já passaram por momentos bem difíceis* mas não olhamos todo o contexto. As vezes olhamos aquela foto linda, mas dificilmente lemos o que esta escrito na legenda, onde a pessoa desabafa sobre algo.
    Esses dias vi um vídeo da Aimee Song (minha blogueira FAVORITA) em plena FASHION WEEK ela estava bem mal sabe ? se sentindo angustiada e conversou com os fãs atraves do vídeo e aquila fez eu admirar ela AINDA MAIS.
    assim como Claire Marshall;
    assim como a rayza.
    assim como a camila coutinho.
    assim como a luisa accorsi.
    assim como a lia.
    assim como muitas meninas que já se expressaram nas redes sociais varias vezes.
    E isso faz parte.
    Mas eu concordo com tudo que você disse, a grande sacada está em uma mudança de atitude interna. ♥

    • Maki  em agosto 03, 2017

      miga, é isso mesmo: as pessoas esquecem de olhar o contexto! elas acham que a foto tá contando tudo o que você precisa saber mas não é isso. tem muita coisa envolvida aí que precisa ser levada em consideração. e é isso que torna as pessoas verdadeiras, é o quanto elas querem entregar uma coisa legal para as outras e o quanto se sentem em paz com o que estão fazendo sabe? ♥