inspiração

sabe, eu ando pensando muito sobre a desistência, e como ela foi uma parte tão grande de mim por tanto tempo, que criou uma caixinha apertada em volta do meu coração, ao ponto de me fazer acreditar que eu jamais poderia me abrir.

eu sei pontuar exatamente o momento em que eu decidi fazer diferente e começar a quebrar as paredes de concreto dessa caixinha, mas não sem antes lembrar de todas as vezes que eu pensei em desistir. de sorrir, de amar, de sentir o sol na pele. eu quase desisti de viver permanentemente e sou grata todos os dias por não ter ido em frente com esse plano que eu tracei tão perfeitamente na minha cabeça milhares de vezes. ainda bem que eu, mais uma vez, desisti.

a gente desiste de muitas coisas acreditando que está sozinha no mundo e que tem essa obrigação hercúlea de ‘dar um jeito‘ e ‘se virar‘. pedir ajuda é um sinal de fraqueza e ai de mim se alguém me pegar chorando desesperada no banheiro de casa – ali não tem como disfarçar as lágrimas que correm quentes e a mão de ferro que aperta o coração.

desde que eu viralizei e passei por uma experiência que me ensinou tanto, desde que rolaram mudanças na minha carreira e eu precisei aceitar que eu não sei porque as coisas acontecem como acontecem, desde que eu decidi mudar de ideia sobre a forma como eu vivo, eu tenho pensado muito sobre as pessoas que, como eu, pensam ou já pensaram em desistir.

a gente vê tanta desgraça por aí e tanta intolerância que o mundo parece não valer a pena mesmo. a gente tem certeza que ninguém se importa o suficiente com a gente e que a nossa dor não é digna de atenção. a gente mesma se oprime, se fecha, se isola e se ataca, esperando que em algum momento essa zona toda faça algum sentido.

tem horas que não faz, e desistir parece mesmo a única saída aceitável pra quem não consegue ver uma luz no fim do túnel.

tenho pensado tanto nessas pessoas, que a minha vontade era dar um abraço apertado em cada uma delas, fazer um afago no cabelo e falar que tá tudo bem. queria me multiplicar em centenas de milhares e viajar pelas telas dos computadores distribuindo um pouco de esperança, de conforto, de carinho. um pouco mais de gentileza.

conversando com a Lominha hoje (essa maravilhosa), eu me lembrei do porque eu escrevo e do porque vale a pena dedicar o meu tempo para esse espaço, de não desistir dele, desde que ele ajude, de alguma forma, você aí do outro lado e não desistir de você mesma também.

já pensei em desistir de tantas coisas tantas vezes que não teria nem graça listar tudo aqui, porque não caberia em uma postagem de blog. porém, o que mais me surpreende dia após a após dia é que eu nunca, jamais, em hipótese alguma, quis desistir de verdade de viver. lá no fundo eu seguia buscando aquele amor que me lembraria de quem eu sou e que me faria ver as coisas com lentes de Pollyana.

por vezes, pareceu utópico e ineficiente. em outras, desistir continuava sendo mais atrativo do que tentar de novo e correr o risco de ter o coração partido pelo mundo mais uma vez. eram tantos remendos que não existiria cola o suficiente para manter os pedaços no lugar.

por outro lado… não desistir me ensinou que desistir é, sim, a melhor maneira de mudar de ideia. em algum lugar de mim eu precisaria abrir mão do que eu pensava para topar uma nova visão e tentar diferente do que eu (não) tentei tantas outras vezes. desistir me fez sorrir, me fez chorar de alegria, me aqueceu as mãos e me deu vontade de levar da cama todos os dias.

eventualmente, o que eu entendi é que essa desesperança que eu sentia era só um resultado da minha (de novo) desistência em ver as coisas de um jeito que não deixava o meu coração em paz. e que desistir desse jeito para adotar um outro, um caminho amoroso e sempre tão quentinho e aconchegante, foi o que me salvou e continua me salvando.

sobre desistir

ando pensando nas pessoas que já desistiram, nas que querem desistir e nas que ainda desistirão. queria oferecer pra todas vocês uma xícara de chá e um sorriso acolhedor, um carinho nas costas e um ombro pra chorar. tá tudo bem se você pensa assim agora.

a única coisa que eu queria que você entendesse é que, escondido no meio de todas as essas dúvidas, de toda essa tristeza e todo esse ressentimento, tem uma luzinha pulsante que quer crescer, mas que foi esquecida, distraída pela caixinha em que você a colocou, no fundo da sua mente. a chave que a abre não tá tão longe assim. é só você procurar, que vai achar.

não desiste não, meu amor. tá tudo bem. o mundo é assim mesmo, uma loucura sem pé nem cabeça, que não faz sentido 100% do tempo e que muda de direção a cada segundo. você não precisa mais se sentir perdida ou sozinha, a gente tá junto. a gente pode desistir de mãos dadas daquilo que não deixa o coração quentinho, e alimentar a cada hora essa luzinha gostosa que tá lá no fundo, esperando pra ser lembrada.

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Escrito pelaMaki
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9 Comentários
  1. Dani Machado  em maio 22, 2017

    Adorei! Muito legal o texto e o seu blog!

    Beijos

  2. Flavia Santos  em maio 17, 2017

    Ainda bem que você existe! Muito bom poder encontrar pessoas iluminadas como você.
    Já não me sinto sozinha, sei que existe alguém que me entende.
    Obrigada, Maki!
    <3 🙂

  3. claudia  em maio 17, 2017

    Texto que aqueceu meu coração. Tenho lutado contra meus pensamentos para mudar meus sentimentos. Obrigada

    • Maki  em maio 17, 2017

      brigada você, Claudia ♥

  4. Priscilla  em maio 12, 2017

    sério. vou ler ele agora todas as vezes que esse pensamento passar pela minha cabeça

    • Maki  em maio 12, 2017

      faça isso, Pri ♥

  5. Priscilla  em maio 12, 2017

    foi pra mim esse post

  6. Leticia Evelin  em maio 08, 2017

    Que lindo! Deu pra sentir um aconchego no coração! 🙂