cotidiano

Já aconteceu muitas vezes de eu ficar emocionada com coisas que nunca aconteceram. Sabe? Você cria uma história na sua cabeça e, na sua imaginação, rola alguma coisa que te faz chorar de verdade. Já rolou muito. Mais do que eu gostaria de admitir.

Diário #68 - Mais vs. Menos

Na minha cabeça eu sempre fui melhor do que na vida real. Mais bonita, mais corajosa, mais inteligente, mais desejável. Mais. No mundo real eu sempre me achei ‘menos’. Menos bonita, menos importante, menos inteligente, menos querida. Menos.

Escrevo isso com um peso no coração porque sempre achei que o segredo da vida era tentar ser tão legal quanto eu imaginava na minha cabeça. Mas não tem nada a ver. Na verdade, eu sempre usei essas imaginações pra passar mal e você já sabe muito bem disso.

Eu criei na minha própria mente mil motivos para não ser quem eu queria ser. E, de fato, esse é o problema. Eu queria ser alguém. Alguém melhor. Mas esqueci de olhar pra dento e perceber que eu já sou tudo o que eu deveria ser.

E, antes que você discorde, isso não tem nada a ver com aceitar que eu sou esse ‘menos’ que eu via na minha cabeça. Não, pelo contrário. Eu já sou tudo o que eu sempre imaginei. Mas eu usei toda a minha história, tudo o que eu aprendi pra me diminuir, pra me esconder.

Não tem nada de errado nisso. Não é como se eu fosse uma grande vítima do sistema, uma coisa do tipo ‘coitadinha, olha só como ela não é valorizada, como ela sofre’. Não foram os outros que fizeram isso comigo, fui eu mesma. Eu escolhi olhar pra mim como se eu fosse menos e criar na minha própria cabeça uma expectativa do que deveria ser mais. E é claro que eu jamais conseguiria atingir essas expectativas na realidade.

Como sair desse ciclo? É mais fácil do que eu imaginei. É só eu parar de imaginar. Isso anda muito presente na minha vida, esse treino – e a vontade de sair da minha cabeça tem sido cada vez maior. Eu não quero mais viver uma vida inventada, sabe? Eu prefiro ficar no que é real. Eu prefiro mostrar pro mundo quem eu sou de verdade ao invés de tentar encontrar a simpatia alheia através de uma mentira. Mentira tem perna curta, sabe.

Não dá pra continuar em frente com as coisas que eu imagino sempre presentes. Com as histórias que eu crio, com as mentiras que eu conto. Só não dá. E é tão melhor ficar presente… Ver que eu sou sim, tudo o que eu sempre imaginei, que isso é real, eu só tava escondida atrás de um monte de porcaria que eu inventei sobre mim.

A vida é boa. Ela é bonita. Ela tem muito a oferecer. Mas se eu continuar brincando de contar historinhas na minha mente, eu perco tudo o que ela tá me dando. E não tem nada pior do que a sensação de que tem alguma coisa faltando. De que tem alguma coisa errada.

Pra mudar tudo isso eu só preciso de uma coisa: eu mesma. Eu só preciso decidir escolher pelo o que real e deixar as imaginações de lado. Eu preciso parar de me distrair com o que não vale a pena, e focar naquilo que eu sei que eu sou: amor. O que eu mais quero é sentir quem eu sou e saber que eu tô devolvendo isso pro mundo também.

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Escrito pelaMaki
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2 Comentários
  1. Bruna WB  em setembro 05, 2016

    Gostei demais do seu texto. Eu sofro muito com essa coisa de criar cenários lindos na minha cabeÇa e me perder na realidade. Sempre tenho diálogos prontos que, na hora de saírem da minha boca, são completamente tortos. Tenho PRÉ-ESTABELECIDAS as REAÇÕES ideias, tambem perdidas quando são necessárias. E a vida imaginada é realmente ótima, como você colocou. Mas, pois é, ela não existe. Acho que minha maior dificuldade está em fazer acontecer, mas, enquanto não aprendo isso, vou exercitar o “viver a realidade” e *tentar* parar de imaginar, por mais difícil que seja depois de tantos anos. Mas é só a gente que sofre, né?
    Que você sinta quem é cada dia mais.
    Beijos,
    Bru

    • Maki  em setembro 13, 2016

      ei, Bruna! sim, é exatamente isso. vamos tentar parar de imaginar e ficar mais presente, sabe? coisa ruim não dá, com certeza!