cotidiano

Eu já fui bastante religiosa. Minha família é católica, eu fui batizada e ia à missa com os meus pais e o meu irmão todos os domingos. Depois de um tempo, essa ligação com o catolicismo sumiu, porque eu comecei a questionar muitas coisas, e aprendi que algumas das minhas crenças eram diferentes daquelas que a Igreja pregava. Hoje, digo que sou muito mais budista do que católica, mas isso é assunto para outro post.

A Páscoa terminou ontem, mas posso dizer, com convicção, que este ano eu a celebrei. Não se enganem, eu não reencontrei a minha veia católica, não fui à Igreja, nem nada disso (não que tenha algo errado com isso! Cada um tem a sua crença e a celebra de acordo). Mas, para mim, esse ano o rito de passagem, de morte e ressurreição, de libertação, fez muito mais sentido. Não porque aconteceu com alguém há mais de dois mil anos, mas porque aconteceu comigo.

pascoa

Pode parecer um exagero, mas ano passado, eu percebi que estava morta. Por dentro, era como se fosse isso mesmo. Eu já não sentia mais nada, não queria sentir mais nada, não queria fazer nada. Eu sobrevivia, dia após dia, sem nunca estar presente em nada do que eu fazia. Hoje eu percebo de onde tudo isso vem, mas, naquele momento, era como se eu nem mesmo estivesse viva, apesar do meu coração continuar batendo e eu inspirar e expirar a cada segundo.

Com a virada do ano, fiz uma promessa de que 2015 seria diferente, de que eu sairia daquele ponto baixo para nunca mais voltar e hoje estou mais forte do que jamais fui, reaprendendo a viver. Eu, de verdade, renasci. A meu ver (e que fique claro que essa é a minha opinião pessoal), fé alguma me tiraria daquele ponto se eu não pudesse acreditar, de coração, que eu sairia dali. Se em algum cantinho do meu corpo eu ainda achasse que ele fundo do poço era o meu lugar, que eu merecia aquilo e tudo o que vinha junto, toda a dor, todo o sofrimento. Não, gente, eu não mereço viver sofrendo, ninguém merece.

Então, sim, este ano eu celebrei a Páscoa. No domingo, eu olhei ao redor e me senti feliz por estar viva, por poder sentar com a minha mãe e a minha cachorrinha na padaria, tomar um suco e não sentir culpa por respirar, por ocupar o espaço no mundo de alguém que é ‘mais merecedor’. Todos nós somos igualmente merecedores de um lugar ao sol. Acho que eu, finalmente, estou encontrando o meu.

Com isso, eu digo: feliz Páscoa para todo mundo. Que vocês também renasçam, se encontrem, se transformem, se libertem e percebam, todos os dias, como é bom estar por aqui.

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Escrito pelaMaki
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